O autoconhecimento ajuda as pessoas a afastar sentimentos negativos como estresse, mau humor e irritabilidade
Publicação: 07/07/2013 13:23
As pessoas andam irritadiças, de cara amarrada e sem paciência. O estresse é o vilão. Culpam a falta de tempo e os problemas do dia a dia. Mas há aquelas que encaram os mesmos dilemas e são bem-humoradas. Não se deixam abater pelas dificuldades que todos encaram. Será que tem um segredo, uma receita para levar a vida de forma mais leve?
Problemas todos têm. Dias ruins também. No entanto, muitas internalizam uma amargura que se apresenta na testa franzida, no bico, na falta de educação. Às vezes, pedir licença e dar bom-dia se tornam atitudes raras e até um sacrifício. Por outro lado, há quem se propõe contagiar pela alegria. Trabalha mental e espiritualmente para ter a felicidade como companhia. Não é viver num mundo cor-de-rosa, numa bolha. Pelo contrário. É se condicionar a buscar um temperamento que não maltrate seu fígado, mas que faça ter mais serotonina correndo nas veias.
Equilíbrio interno
Estado de espírito. O humor é determinado pela personalidade de quem ri, pela disposição e bem estar psicológico de cada um. Na história, a partir do século 6 a.C., os filósofos gregos começaram a buscar explicações naturais para a vida, o universo e tantas outras. Na visão grega, o corpo era composto de quatro humores —sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra e os distúrbios eram decorrentes do desequilíbrio entre eles, que regulariam a saúde física e emocional humana. Há também a ideia de que o humor ajuda na compreensão de culturas, religiões e costumes das sociedades de maneira ampla, sendo vital da condição humana. O homem é o único animal que ri.
Para a psicanalista Inez Lemos, o mau humor é um traço da nossa cultura e todo comportamento social reflete um discurso, e, no caso, é o da queixa. “Adoramos reclamar, nos fazer de vítimas, produzir um mau humor, já que com isso vendemos um fracasso que não existe, o que pode gerar algum ganho – afinal, a ordem é ‘levar vantagem em tudo’.”
Ela explica que esse comportamento é típico de pessoas neuróticas, que não tiveram oportunidade ou não quiseram questionar e analisar o sintoma. Inez conta que cada sujeito traz registros psíquicos que revelam o humor, as posturas, definindo-o “se é uma pessoa de bom astral ou não”. Ela destaca ainda que “se uma criança cresce entre adultos mal-humorados, intolerantes, impulsivos ou mães deprimidas, ela pode ser contaminada. Contudo, se crescemos entre pessoas positivas e alegres, que sabem lidar com as adversidades e frustrações, as chances de nos tornarmos pessoas ‘de bem com a vida’ são grandes”.
Harmonia
Por outro lado, Inez lembra que, no campo objetivo, o mau humor pode surgir em função de um cotidiano estressado, trânsito carregado, trabalho excessivo, violência, declínio da vida afetiva, filhos, etc. “Porém, há pessoas que,mesmo diante das chaturas da vida, conseguem manter um sorriso, ser gentis, tolerantes.” Ela reforça o que sempre diz: “Viver bem é para profissionais, não para amadores. E os profissionais do bem viver são aqueles que conquistaram equilíbrio interno, que estabelecem uma relação harmônica com a vida, lutaram para adquirir estrutura e elegância na alma”. Com segurança, a psicanalista enfatiza que há sempre uma forma de driblar a cultura, convocar forças e sabedoria ao enfrentar as dificuldades do mundo. “A vida de prazer é muito boa, mas é o sofrimento que nos molda”. Por mais repetitivo que seja para alguns, até clichê, na real “significa que o bonito é aprender com os fracassos e manter a alegria, o gosto pela vida. Não são os objetos que enfeitam o mundo, mas as pessoas coloridas, radiantes e iluminadas por dentro”. Um conselho? É de graça e de quem tem know-how para falar: “Bom humor é conquista. Vale a pena persegui-lo e lutar por ele”.
Equilíbrio interno
Estado de espírito. O humor é determinado pela personalidade de quem ri, pela disposição e bem estar psicológico de cada um. Na história, a partir do século 6 a.C., os filósofos gregos começaram a buscar explicações naturais para a vida, o universo e tantas outras. Na visão grega, o corpo era composto de quatro humores —sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra e os distúrbios eram decorrentes do desequilíbrio entre eles, que regulariam a saúde física e emocional humana. Há também a ideia de que o humor ajuda na compreensão de culturas, religiões e costumes das sociedades de maneira ampla, sendo vital da condição humana. O homem é o único animal que ri.
Para a psicanalista Inez Lemos, o mau humor é um traço da nossa cultura e todo comportamento social reflete um discurso, e, no caso, é o da queixa. “Adoramos reclamar, nos fazer de vítimas, produzir um mau humor, já que com isso vendemos um fracasso que não existe, o que pode gerar algum ganho – afinal, a ordem é ‘levar vantagem em tudo’.”
Ela explica que esse comportamento é típico de pessoas neuróticas, que não tiveram oportunidade ou não quiseram questionar e analisar o sintoma. Inez conta que cada sujeito traz registros psíquicos que revelam o humor, as posturas, definindo-o “se é uma pessoa de bom astral ou não”. Ela destaca ainda que “se uma criança cresce entre adultos mal-humorados, intolerantes, impulsivos ou mães deprimidas, ela pode ser contaminada. Contudo, se crescemos entre pessoas positivas e alegres, que sabem lidar com as adversidades e frustrações, as chances de nos tornarmos pessoas ‘de bem com a vida’ são grandes”.
Harmonia
Por outro lado, Inez lembra que, no campo objetivo, o mau humor pode surgir em função de um cotidiano estressado, trânsito carregado, trabalho excessivo, violência, declínio da vida afetiva, filhos, etc. “Porém, há pessoas que,mesmo diante das chaturas da vida, conseguem manter um sorriso, ser gentis, tolerantes.” Ela reforça o que sempre diz: “Viver bem é para profissionais, não para amadores. E os profissionais do bem viver são aqueles que conquistaram equilíbrio interno, que estabelecem uma relação harmônica com a vida, lutaram para adquirir estrutura e elegância na alma”. Com segurança, a psicanalista enfatiza que há sempre uma forma de driblar a cultura, convocar forças e sabedoria ao enfrentar as dificuldades do mundo. “A vida de prazer é muito boa, mas é o sofrimento que nos molda”. Por mais repetitivo que seja para alguns, até clichê, na real “significa que o bonito é aprender com os fracassos e manter a alegria, o gosto pela vida. Não são os objetos que enfeitam o mundo, mas as pessoas coloridas, radiantes e iluminadas por dentro”. Um conselho? É de graça e de quem tem know-how para falar: “Bom humor é conquista. Vale a pena persegui-lo e lutar por ele”.
Palavra de especialista - Escolha e patologia
“Existe uma gama ampla de estados de humor, mas basicamente podemos analisá-lo por dois ângulos. Há um grupo de pessoas que têm o humor normal, sem alterações e outro que apresenta algum tipo de transtorno de humor. No primeiro existem algumas pessoas que têm uma atitude de vida diferenciada, bem-humorada, comportamento esse que é uma escolha. Acreditam que tudo vai dar certo e encaram o desafio com a certeza de que vão superá-lo,mesmo que parcialmente. Essas pessoas vão buscar força e formas diferentes de lidar com os problemas. No segundo grupo estão as pessoas com transtornos depressivos, personalidades melancólicas. Algumas podem ter distimia,a doença do mau humor. Para elas tudo é ruim e vai dar errado. E mesmo quando ganham na loteria não ficam extremamente felizes. Precisam procurar tratamento porque estão doentes e necessitam de ajuda terapêutica e medicamentosa.”
“Existe uma gama ampla de estados de humor, mas basicamente podemos analisá-lo por dois ângulos. Há um grupo de pessoas que têm o humor normal, sem alterações e outro que apresenta algum tipo de transtorno de humor. No primeiro existem algumas pessoas que têm uma atitude de vida diferenciada, bem-humorada, comportamento esse que é uma escolha. Acreditam que tudo vai dar certo e encaram o desafio com a certeza de que vão superá-lo,mesmo que parcialmente. Essas pessoas vão buscar força e formas diferentes de lidar com os problemas. No segundo grupo estão as pessoas com transtornos depressivos, personalidades melancólicas. Algumas podem ter distimia,a doença do mau humor. Para elas tudo é ruim e vai dar errado. E mesmo quando ganham na loteria não ficam extremamente felizes. Precisam procurar tratamento porque estão doentes e necessitam de ajuda terapêutica e medicamentosa.”
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